Os corredores ecológicos, ou corredores de biodiversidade, são grandes porções de terra que recebem ações coordenadas, cujo objetivo é a proteção da diversidade biológica. Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), eles envolvem o fortalecimento e a conexão de áreas protegidas dentro do corredor, incentivando usos de baixo impacto ao implementar uma alternativa mais abrangente, decentralizada e participativa de conservação.
Em linhas gerais, os corredores ecológicos podem ser definidos como áreas que unem os fragmentos florestais ou unidades de conservação separados por interferência humana como, por exemplo cidades, estradas, cultivos agrícolas ou atividade madeireira. Seu objetivo principal é permitir o livre deslocamento de animais, facilitar a dispersão de sementes e ampliar a cobertura vegetal.
O conceito de corredor ecológico surgiu durante os anos 90, fomentado por debates na comunidade científica relacionados à preservação ambiental. São criados com base em profundos estudos sobre o deslocamento das espécies animais e a distribuição de suas populações. A partir desses dados são estabelecidas regras de utilização das regiões a fim de amenizar e ordenar os impactos ambientais das atividades humanas.
Em tal contexto, a arquitetura e o urbanismo são importantes ferramentas para a construção de corredores ecológicos que possibilitam a interação saudável e sustentável entre os seres humanos e a natureza, ampliando a conscientização ambiental. Por meio deles, a arquitetura da paisagem torna-se um artefato estético e sensorial para a reconexão entre todos os organismos vivos, representando um meio para o desenvolvimento sustentável em um cenário contemporâneo no qual a natureza tem sido vista como objeto.
O Corredor Ecológico e Recreativo dos Cerros Orientales, inserido na cidade colombiana de Bogotá e projetado pela equipe da arquiteta Diana Wiesner, é um importante exemplo de como uma proposta territorial e paisagística pode consolidar uma zona de gestão e preservação ambiental. Este projeto é composto por três estratégias principais que ajudam a compreender a dimensão do impacto de um corredor ecológico nos centros urbanos. Nele orbitam a questão social, que procura integrar as comunidades na gestão sustentável; a biofísica, que busca manter e restaurar o ecossistema e a relação com as pessoas; e a questão espacial, através da criação de um lugar de recreação passiva com espaços de aprendizagem. Além disso, o corredor será construído com materiais ecologicamente sensíveis, como terra, madeira, pedra e tijolo britado, visando o mínimo impacto possível no solo.
Além desse exemplo, vale citar também o projeto Ruta Naturbanas da cidade de San José, Costa Rica, uma infraestrutura verde que contribuirá para a conservação e manutenção dos ecossistemas naturais e a criação de novos corredores biológicos interurbanos, promovendo a proteção dos ciclos das águas e a criação de novos espaços públicos e infraestruturas de mobilidade urbana. Por fim, na Grécia, a proposta para a transformação das minas de carvão em um corredor ecológico também vale ser ressaltada como exemplo de melhoria ecológica e organização espacial sensível que inclui corredores ecológicos públicos com zonas de cultivo, anfiteatro e circuitos de corrida. Apesar de geograficamente muito distantes, esses projetos conciliam a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento ambiental da região em que atuam, focando em um urbanismo sustentável e resiliente.
Entretanto, é importante frisar a diferença entre os corredores ecológicos e os parques lineares pois, enquanto os primeiros são vistos como unidades de conversação que conectam dois ecossistemas antes separados pela atividade humana, os parques lineares – como o famoso Highline em Nova York — não desempenham essa função de conexão, mas buscam trazer a biodiversidade para os centros urbanos. Além disso, as suas extensões também são distintas, visto que os corredores ecológicos tendem a ocupar uma parcela do solo muito maior do que os parques lineares.
Por se tratar de um conceito relativamente novo, há muitos estudos ainda em andamento, inclusive para entender exatamente a sua eficácia em relação à adesão dos animais. De qualquer forma, na era de mudanças climáticas drásticas, estratégias que buscam reconectar o homem e a natureza, preservando os ecossistemas e levantando pautas sobre consciência ambiental, devem ser sempre incentivadas.